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sexta-feira, 7 de março de 2014

Tombamento do bairro Santa Tereza em Belo Horizonte

Uma das primeiras cidades planejadas do Brasil, com apenas 116 anos de história, Belo Horizonte tem cuidado de seu passado sem descuidar do futuro. A lista dos bens tombados na cidade já passa de 700 e não para de crescer. A ela deve ser acrescentado um bairro inteiro, que ainda conserva os ares de uma cidade do interior de Minas, com seu casario, suas praças e ruas.
Em entrevista ao Hoje em Dia, publicada nesta semana, o presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Leônidas José de Oliveira, tornou público o projeto de tombamento do bairro Santa Tereza. Ele é uma continuação, para quem deixa o centro da Capital em direção Oeste, do bairro da Floresta, que passou pelo mesmo processo de preservação depois de já ter sido pontilhado por altos edifícios.
A resistência de proprietários de imóveis do Santa Tereza, registrada ontem pelo jornal, é uma repetição do que ocorreu no bairro da Floresta no final do século passado. Uma semana após a delimitação do perímetro de proteção, moradores se mobilizaram pedindo a impugnação de tombamentos junto à Secretaria Municipal de Cultura. Desse modo, não tardou muito para que, dos 319 bens arrolados, apenas seis prédios públicos fossem totalmente tombados, enquanto 113 foram parcialmente e 114, embora considerados de interesse cultural, permanecessem sem proteção.
Esse tipo de reação ocorre também em outras cidades brasileiras que tiveram bairros tombados, como Porto Alegre e São Paulo. Neste último município, um dos mais antigos do país, a descaracterização do tombamento parte até mesmo da prefeitura. Recentemente, o prefeito Fernando Haddad, do PT, enviou projeto à Câmara Municipal permitindo que em bairros tombados, como City Lapa, Pacaembu e Jardim Paulistano, equipamentos públicos de saúde, educação e assistência social possam ser construídos sem nenhuma restrição.
O maior receio dos moradores do Santa Tereza – e também do bairro Cidade Jardim, onde 75 imóveis foram tombados em abril do ano passado – é que eles percam valor de mercado. Essa resistência provém do desconhecimento da legislação que protege os proprietários desses imóveis.
Conforme a presidente da seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Rose Guedes, o tombamento protege a qualidade de vida e qualifica o espaço. Não há prejuízos, na opinião do presidente da FMC, Leônidas Oliveira. Os proprietários têm isenção do IPTU e, além disso, podem pedir recursos para restaurações e vender o direito de construir em outro ponto da cidade.
A ideia de preservação de bens de interesse cultural nasceu em Paris, logo após a revolução francesa, e foi encampada, depois da II Guerra Mundial, pela Unesco, órgão das Nações Unidas. É um movimento que veio para ficar. É melhor que as pessoas o entendam e, melhor ainda, o apoiem.

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